sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Para que serve uma aula de Física...


Sonhei que eu era a hipotenusa e você um cateto oposto, mas não estávamos sós neste nosso amor: havia um triângulo retângulo. Nas alturas dele encontrei sua projeção... Foi aí que conheci o cateto adjacente. Troquei você por ele, passando para o outro termo da equação, e com ele tive três senos: 30°, 45° e 60°. E ficamos tão distantes quanto os limites da circunferência estão do seu centro – tudo por um raio de dois centímetros. Aborrecida com tudo isso, tornei-me um prisma óptico. Rejeitava a luz, quando seu ângulo não me agradava, e a refletia difusamente. Cansada de reflexões, refratei-me num meio mais refringente. A velocidade mudou meu modo de pensar e você me viu bem mais próxima da normal. Você ficou com ciúmes e associou-se com espelhos planos, mas apenas conseguia formar uma imagem enantiomorfa do que antigamente fora o objeto real de nosso pincel de luz amoroso. Esgotei-me de tanto sonhar, atingi meu ângulo limite e fui vítima da reflexão total que me expulsou do mundo dos sonhos. Acordei desiludida.

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