Enquanto a vida vai seguindo seu curso e as pegadas denunciam de onde viemos, o vento gira sobre as nossas cabeças, tentando ensinar a lição: em círculo? Não! Em espiral!
Em espiral que não volta nunca ao mesmo lugar, embora volteie circundando o mesmo perímetro.
Em espiral, que sobe ou desce, enquanto permanece no mesmo rumo.
Em espiral, que muda diante do imutável.
O vento ensina em vão, não queremos aprender nem ter por completo o aprendizado. Queremos lembrar, periodicamente – geralmente, quando a espiral toca de novo o mesmo ponto – nossa existência espiralada.
Lembrar que tempestade e brisa são feitos do mesmo vento...
Que a poeira que voa em direção aos nossos olhos, inevitavelmente lacrimejantes, é feita daquela areia onde enterramos nossos planos e sonhos.
A vida precisa seguir com o vento, seja vendaval ou brisa. E seguirá, como a folha que o vento leva para onde quer, em espiral.
É bom às vezes olhar para trás, é bom ver lá as pegadas denunciadoras de por onde andamos.
É bom que algumas pegadas se apaguem.
E que outras façam parte da poeira a encher de lágrimas nossos olhos.
Mas, acima de tudo, é bom saber que nunca repisaremos nenhuma delas: não andamos em círculos.
Andamos em espiral.