sábado, 15 de agosto de 2009

Amar com os olhos

Multidão de rostos iguais... A humanidade inteira se parecia, eram cópias exatas uns dos outros até que despontaste em meio a ela. Meus olhos te viram e negaram-se a abdicar de tal visão. Procuraram-te ansiosos em intervalos cada vez menores, até que se fixaram em ti, imóveis. Carreguei tua imagem comigo a todos os lugares que visitei, coloquei teu rosto em todas as faces que olhei. Até o fatídico dia em que te vi sorrir pela última vez, e vi teus olhos a murmurarem “adeus”, e vi teus cabelos reclamarem um afago que meus dedos receosos evitaram dar, e vi tuas mãos acenarem em despedida, e vi teus lábios me negarem o beijo ansiado, e vi tuas cores desbotarem mais e mais, e depois nada mais vi, pois deixaste-me cega e que mais haveria para se ver? Vi um mundo cada vez mais despojado da tua presença. Vi-te entre flores que te machucariam com seus espinhos, pois não és delicado o suficiente para colher o que tem espinhos ( e por isso eu havia abdicado dos meus, para tornar mais fácil o colher da flor...). Entendi cada vez mais claramente que só serias feliz comigo... mas já não podia ver-te em meio à névoa... Nem imaginavas tu que ali haveria uma flor sem espinhos que poderias colher sem medo... Ou não desejarias o que te fosse dado tão fácil?

Um comentário:

  1. Bom texto, minha queridinha dama-dos-olhos-de-vidro! =)

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