terça-feira, 12 de abril de 2011

pensamentos soltos...

Preciso entender por quê... essa música me faz lembrar de mim. Certas horas deixam a luz com uma textura agradável. Gosto de viver essas horas. Em que pensava o rapaz que, no ônibus lotado, sorria para o ar? Queria ler pensamentos... Mas tenho medo das coisas que leria por aí. Vou caminhar mais rápido para encurtar o caminho. Os caminhos são sempre longos, e vivo tentando encurtá-los. Só sei andar por chão de terra batida... Belos olhos. Se eu pudesse os veria sempre. Mas a vida dobrou a esquina comigo. Como os mosquitos conseguem voar na chuva? Gosto do cheiro acre de terra molhada. Mas só se estiver bem molhada mesmo, senão fere meu olfato. A água é uma necessidade visual. Gosto de sentar em frente às águas... me acalma. Há quem me ache calma e tranqüila. Não sei se sou assim, mas em respeito a essas pessoas que vêem algo positivo em mim, tento não me exaltar. E às vezes exagero: deixo de me exaltar quando isso seria a própria salvação de minha sanidade. Não sei se sou muito sã. Sinto o gérmen da loucura a me habitar. E ele também salva. Da rotina medíocre. Odeio rotina... Tento quebrar, sempre. Calmamente, sem me exaltar. Quebro em frente às águas. E escolho a próxima lista de coisas a fazer. Sempre faço listas do que tenho de fazer, se houver mais de três coisas. Meu subconsciente só conta até três. Anoto minha vida em papéis avulsos. E nunca os jogo fora. Exceto em ocasiões especiais. Já houve uma ocasião assim: queimei vários papéis. Parte da minha vida foi queimada junto e me senti mais livre. Acho os passarinhos realmente livres. Podem voar e cantar, coisas que não sei fazer. A liberdade consiste em tudo o que não se pode fazer. Talvez alguém me ache livre, sem saber que me prendo muito, não ao chão, mas a coisas. E a pessoas. Algo sempre me leva para cima, para fora da realidade concreta. Agarro-me a tudo o que me permita voltar. Será que um dia não voltarei mais? Será isso a loucura? Ou apenas uma abstração de meus neurônios, brincando com as sinapses... Sensações me invadem o tempo todo e me fazem sentir fora de onde deveria estar. Como se não fosse um ser normal. Como se não pertencesse... Preciso pertencer. I need peace and love. Às vezes mais de peace, às vezes mais de love.  Construí um castelo no meu lado avesso e sou sua única habitante. Gostaria de me mudar para um lugar mais arejado. Fora de mim. Também sorrio nos ônibus lotados. Vejo passarinhos voando através da janela. Vejo mosquitos que conseguem voar na chuva. Sinto cheiro de terra molhada, bem molhada. Mas não está chovendo... A luz e as cores me fazem querer seguir. Ou querer parar. Há músicas tristes que me fazem lembrar do que me tornei. Há quem me ache normal. Há quem pense que deve ser fácil me ser. Mas não é. É bem difícil: pesado e desconfortavelmente úmido. É frio e escuro. A escuridão tem um lado bom: realça qualquer pequena luz. Ouço o vento, que também é música, também é triste e me faz lembrar de pessoas que amo. Amo o cheiro das pessoas... Mas não de todas. Cheiro de pele me faz sentir humana. Por isso me agrada. Hoje vi pessoas que me tocaram profundamente. Quase me transformei nelas. E em silêncio as compreendi. Nem sempre penso, às vezes só sinto. Aí compreendo. Sento depois para pensar no que senti. Ou não. Esqueço de pensar. Mas quando penso e sinto juntamente o mundo se abre. E eu nem sabia que tinha as chaves. As chaves úmidas que enterro na areia bem molhada pela chuva. Ouço o barulho da água me dizendo para procurá-las e abrir com elas o mundo e as portas do meu castelo escuro. Mas não chove... Sento então em frente às águas e ouço o vento. Compreendo sem pensar. Basta sentir.

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